terça-feira, 24 de março de 2009

DE SOL A SOL


Sentado nem posso dizer
em pé já é difícil de enxergar
o próprio adultério
levado tão a sério
logo deve mudar
assim espero
felação, sacanagem
esfoliação, libertinagem
pois tudo está mudando
o clima, as ruas, as relações
os animais, os seres humanos
onde me encaixo
mudaram os hábitos
nem frutas como mais
em outros lugares muito menos
todos destilando veneno
janeiro, março, julho, novembro
atravessando o tempo
éramos menos
hoje somos tantos
ricos, pobres, felizes, doentes
ariscos, ramelentos
soltos ao vento
sacos de cola
aprendendo
seguindo a mão da vida
indo na mão contrária
longe da escola
desconhecem qualquer obra literária
indagado, não soube responder
pediu uma esmola, com discursso pronto
estou três dias sem comer
indagado sobre religião
olhou em volta, sorriso de canto
respondeu com verdade
como a tempos não fazia
minha religião é a rua
indagado sobre família
escondeu o sorriso
respondeu sem nenhuma malícia
meu pai é a noite e minha mãe é o dia.

Douglas Campigotto