sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ESPELHO ESPELHO MEU.



Desde cedo saiu do cercado
Vendia água revistas usadas
A cada dia se reinventava
Para sobreviver
Comia pão velho
Peixe grande já foi piava
Levou muita porrada
Quebrou muita cara
Homem diplomado
Sem canudo debaixo do braço
Nunca burlou a dignidade que a vida lhe ensinara
Sujeito forte
Não sabe o que é levar na sorte
A levava abraçado
Destemido
Sua palavra tem peso
Não pede arrego
Assume seus erros
Cara de mal coração de mingau
Baixinho, parrudo e infezado
Esse é meu Pai
Muito trabalho muito suor
Bonanza e maremoto
Amor e ódio
Honesto de dar raiva
Correto até com seus rabos de saia.

Douglas Campigotto