sexta-feira, 1 de maio de 2009

DIA FRIO


Na cama de alma acesa, o dia encanta, o sol chamando pra brincar, entre um toque e outro, toca o telefone, notícias chegam, continua o embalo, o corpo não pára, no enrosco da saia, ao pé do ouvido com os olhos gulosos, dizendo que ama enquanto levanta, é coisa de vanguarda.
Pensamentos nobres, sentimentos pobres, misturam-se entre a fumaça que já não disfarça, ecoa lá dentro, viagem é coisa séria, vem à tona desejos, detalhes, anseios, revelam-se as mazelas, provocando a loucura do outro, egoístas, afetados por tão pouco.
Falando sem saber a hora, escorre pelo rosto, pelo peito, pela boca as faíscas viram fogo que queima, olhando em volta, quanta coisa não jogamos fora, a fumaça atrapalha, de um jeito tímido colhemos nossos restos sinceros, juntamos algumas tralhas, deixando de lado as migalhas, pensando no que sempre fala: pra sempre!, ou, até o fim.
Aos poucos o fogo passa, ainda restam brasas, mas já não há fumaça.

Douglas Campigotto