domingo, 6 de setembro de 2009

Despedida


...entendi que ninguém é um só, e os tantos que somos sofrem mudanças constantes, os pesos vão variando, as cobranças naturais tomam outro tamanho, algo que ninguém sabe ao certo o que é, a gente vai se afastando, pequenos desencontros, as palavras passam a ser ditas sem nenhum cuidado, fica estranho, parece maldade, colocado em lugares que já não cabe, feliz quando chorava, triste porque sorria, será o filtro quebrado? idéias misturadas, divergências inusitadas, expondo a ferida do outro, aparecem as partes feias que não agradam em nada, poderia entende-la ou ajudá-la, mas do amor sobrou pouco, com olheiras e cara lavada nunca se desculpa nem diz obrigada, cigarro na mão esquerda, um drink na direita, pensa ser quem quer e esquece que é aquela, esqueceu de ser ela, aquela doida adorável que completava, se perdeu, me perdeu, perdidos, perdemos, quanta transformação ou eu não enxergava, uma mudança drástica, essa outra só interessa para um punhado que não presta, tenha cuidado, nos vemos mais à frente, passei do ponto, na verdade deveria ter pego outro ônibus, vou improvisar, como a gente costumava fazer, na minha e na sua casa, quantas peças agora despedaçadas, espero num esperar sincero podermos passar uma tarde juntos para fazer nada, não poderemos mais trocar segredos nem andar de mãos dadas, mas podemos fingir inocência como se fossemos aqueles "nós" que ficaram pela estrada...

Douglas Campigotto