sábado, 2 de setembro de 2017

DEFINIÇÕES

Algo que posso afirmar com certeza?
Sempre fui eu, não eu, eu... mas um alguém que sempre foi... que está indo... e acho sinceramente, que nesse quesito, somos extremamente iguais, todos nós.


DOUGLAS CAMPIGOTTO

REWIND

Quero rebobinar você pra ver de novo. Disse o vídeo cassete insaciável

Douglas Campigotto

MAIS UMA VEZ AMOR

Acho que estou doente.
Algumas partes doem, sinto o corpo dormente. Penso na etimologia da palavra “dormente”. Dor + mente? Mente com dor? Mente de mentira? Dormen-te?
Já pesquisei no Google, aparentemente não vou morrer, talvez de infarto, mas acho improvável morrer por conta de um infarto ou qualquer doença relacionada ao coração. Sou de sentir, as vezes o coração palpita. Sinto meu corpo resistindo, ele luta. 
Minhas pernas bambeiam, perdi a firmeza nelas. Acabei de subir as escadas, os degraus são altos, as vezes preciso parar para subir até o final e hoje subi de uma só vez. Pode ser que seja pelo esforço. 
Olhei no espelho para entender, verificar se estava pálido. Olhei e nada, ao contrário do que pensava estava corado. Talvez fossem mesmo as escadas. 
Lábios vermelhos, língua escovada e bafo de estômago. O bafo me deixou preocupado. Lembrei que não havia almoçado, mas era cedo, ainda não era o horário. 
Aquela dormência no lado esquerdo do meu corpo persistia, uma leve palpitação. Esse aperto, o bafo, as pernas bambas. Me sinto fraco e ao mesmo tempo forte, meu corpo luta, sinto meu corpo em ebulição. O corpo treme.
Os tremores também são potência. Sinto meu corpo sentindo.
As referências são as mesmas, assim como os medos. Tê-los ou não tê-los. Meu corpo reage, junto a ele tento entender. Na cabeça um punhado de informações e um bocado de você.
Olho em volta e vejo vultos, não são bem vultos, é uma presença, impressão de nunca estar só. 
A sirene que antes avisava os perigos agora aponta para onde correr. 
Assoviar parece que acalma. Outro sintoma do que estou sentindo é cantarolar por aí, ando cantarolando, falando com pássaros.
Olhando ao redor meio sem enxergar, meus olhos marejam por não entender ao certo o que sinto. A garganta está um pouco travada, coço a cabeça e caem caspas. Será que algo tem a ver com isso que sinto? Não lembrava de ter caspas, me fez lembrar que esqueci de comprar o shampoo anti-caspas. 
Penso nessa coisa de não lembrar, será a cabeça cheia? Cheia de que, além de caspas?
Meu corpo paga. Paga um preço não taxado, um valor pago com dinheiro raro, moeda de troca, nunca trocados. Me sinto bem, não é mal-estar, é algo que me descontrola, será labirintite? 
Vi no Google que tonturas também são sintomas de doenças relacionadas ao coração.
Minha cabeça parece um balão, meu olhar é de quem aprecia o balonismo em terra firme.
O corpo não sabe, parece que sofre, não é bem sofrer, nem sofrer bem, é algo diferente, que o corpo faz tempo que não sente, algo como uma dor que dói gostoso.
Os punhos serram, busco as palavras para dizer aquilo que diria com facilidade e naturalidade, o natural parece ter se perdido, não que exista artificialidade, menos ainda que seja superficial, mas o cuidado com cada palavra beira o fictício, nesse caso não o irreal, parece fantasia, de carnaval, fantasia real, porque eu sinto, o corpo pede.
Sinto uma leve nostalgia, é algo como um renascimento, deve se parecer com ter um filho. Renascer em vida. Esse lance de desabrochar, deve ser assim. Uma borboleta. A gente. Imagino uma flor, uma planta, já cuidei de algumas, fores são seres fascinantes. Não sei ao certo se estes, possam ser outros sintomas, mas, tenho prestado atenção nas coisas, nas pequenas e nas grandes. Como sua boca. 
Acho que estou parindo, algo bonito. Estou parindo algo bonito. Minhas bochechas rubram, as sinto dormentes, os pés se entrelaçam como quem quer desesperadamente ir ao banheiro. 
Estou tenso, de alguma forma sinto seu cheiro, o corpo tem memória, ele sente. 
É amor.

Douglas Campigotto

 

VALORES

Cara de pau
Cara de cavalo
Cara ou coroa
Carambola
Caramelo
Carapaça 
Caráter
Caro
Tudo caro 
Pra caralho


Douglas Campigotto

TEMPO


Lá vem o tempo, esmagando por dentro, comprimindo cada segundo, macerando os instantes, triturando os momentos, devorador de ideias, estraçalhando sentimentos, rolo compressor, prensa da vida, o tempo não vem, é coisa só de ida.


Douglas Campigotto