domingo, 28 de abril de 2013

EU HOJE VEJO


...hoje com 32 anos eu consigo entender, coisas que me falavam quando tinha apenas um dígito de idade, consigo entender todos os tantos, mas eu tinha outros planos, planos tão bem elaborados, guardados, que esqueci ee realizar, eu queria que me falassem coisas pertinentes ao meu tamanho, mas parece que até mesmo aqueles que sabem tudo, esquecem que não sabiam, na medida que crescem.
Do meu primeiro amor, disseram para não sufocar, para dar espaço, e para jamais dizer te amo, eu não entendia, nos gostávamos tanto, antes de namorar eu já sabia que quando casasse ia sarar, mas nunca me disseram, sarar do que. Sobre Aids disseram que se não me cuidasse iria pegar, de camisinha ninguém falou. Ensinaram palavrões, gírias, folclore, coisas místicas, aprendi sobre inflação, corrupção, religião, sexo, aprendi a malandragem, ninguém nunca falou sobre paixão, sobre desejo, sobre realização.
Me pediam para acender cigarro no fogão enquanto jogavam baralho, e eu, me sentia privilegiado, invejado, ainda mais, quando preparava os cubas para tios, primos, pra quem jogava, coca cola, dois dedos de vodka e na falta ia cachaça, ali eu aprendi a esconder o jogo, deixei de ser novo, eu aprendi, não exatamente ali, aprendi inclusive a roubar, pé de goiaba, manga, ameixa, eu era a contravenção em pessoa, assaltos diários e assassinatos, tortura em série, eram sapos fritos com sal, patinhos estrangulados, gatos sem bigode, aprendi com os "melhores", nem sei mais sobre o que estou falando, eu só queria, eu queria tanto...

sábado, 27 de abril de 2013

21 IDÉIAS


Tive 21 idéias sobre as coisas mais diversas, coisas que poderiam mudar o rumo, mudar o rumo das coisas, o meu rumo por exemplo, eu não lembro de nenhuma agora pra falar, mas lembro que foram 21 porque eu lembrei de anotar, inúmeras idéias, das mais improváveis e adversas, pra mudar o mundo, anotei num caderno que carrego no meu bolso, no bolso traseiro esquerdo da calça, hoje eu vejo, vejo no meu jeans o que meu velho me ensinou, a como não ser, mas isso guardo em outros lugares, cacete, 21 idéias, eram maravilhosas, 21, o peso da alma, quantas idéias, só de tentar lembrar, vejo que eram incríveis, tinha uma, que, nossa, lembro que era fenomenal, não, não lembro dela, mas lembro que era foda, tinha drogas, bebida, era quase um funk, é, esses funks que estão rolando, sabe, hoje pra fazer sucesso, tem que ter whisky, red bull e absolut na letra, uma batida bem batida e pronto, acho que era isso, é, acho que era, uma das idéias era fazer um funk, um funk poderoso pra dominar o mundo, coisa séria, começava falando assim... porra, cadê meu caderno, cacete, sem meu caderno eu não sou nada, mas, de verdade, ou o caderno nunca existiu, ou esqueci... acho que fiz questão de esquecer...

Douglas Campigotto

domingo, 21 de abril de 2013

RIMANDO COM AMOR


o amor é uma coisinha 
que vira um monstro, 
que vira prícipe, 
vira princesa, 
o amor é uma caixinha de surpresa.


Douglas Campigotto

quarta-feira, 17 de abril de 2013

MÚSICA PRA CHICO


Era eu e você, nossos amigos ali, olhando pra nós, pequena multidão, nossos fãs tão afins, seu vestilo lilás, o mais doce cetim, era mais, a coisa mais linda que vi, a gente se abandonando, para construir, uma casa, ou até, nada demais, pra quem quer mais que mais, o meu velho jeans, que tanto te seduziu, vejo sua luz, e as vozes falando feliz, dia azul, na mesa o anel, que você me pediu e que eu mesmo fiz, ali vejo um pouco de nós, que saí sem sorrir, mas mesmo assim, lembro da gente, começando sem medo, mordendo seu dedo, te amando sem fim, começo a pensar, o que nos trouxe aqui, seus olhos respondem, seu sorriso diz que sim, foi amor, um amor improvável, entre meu jeans rasgado, e seu vestido lilás de doce cetim.

Douglas Campigotto