quinta-feira, 28 de agosto de 2008

NUA E CRUA


falava sobre morte
divagava sobre tudo
trabalho, preconceito, sorte
estava sem condições
na mais conhecida condição humana
solidão precisando do outro
um amigo, um cachorro, um irmão
faz frio ela dizia
treme as pernas, dormem as mãos
de noite mais que dia
cheira cocaína
nem sempre faz uso dessas coisas
mas gosta
seja o que for
qualquer coisa que mude o que é
que acione o torpor
efedrina, citosina, cafeína, red bull
baladas uma após a outra
embalada
já não sabe mais
viver sem
nem o que satisfaz
perdida pede ajuda, inocente
impaciente
perde o rumo e o inevitável acontece
volta pra casa a pé
sem saber quem é
só ela sabe o que passou
medo da dor que pode trazer
descobre um jeito
de não mexer na ferida
um belo truque
amnésia induzida

Douglas Rosa

2 comentários:

Cristiana Fonseca disse...

Amnésia induzida, adorei esta palavra. Amo tua escrita é intensa, é bela. Fala de amor com dor, intesidade,beleza, magia e paixão.
Adorei
Beijos,
Cris

Paloma Riani disse...

Amo vc!!!