segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

C´EST LA VIE


...tem gente que na vida, não tem nem uma fresta, e a gente perguntando se a nossa vale, olhando da janela, fazendo festa e botando pra quebrar, que culpa tem a gente, tem gente que não presta, há quem não empresta, quem tem pressa, quem mata sem roubar, finge de morto, esquece da dor, faz compressa, aborto, feto, tem teto, esburacado de arestas, trancafiado, sem casa pra morar...
quanta vida.

Doulgas Campigotto

Um comentário:

Gislaine Becker disse...

Caro Douglas,

Pelas rachaduras da minha casa, pelas frestas do assoalho e das janelas podia sentir o vento que vinha da rua e num ato mais arriscado, poderia espiar o que lá tinha. Uma vez olhando e sentindo tudo que vinha de fora sentia algo e tinha desejo daquilo.
Pelas rachaduras da minha casa, quantas vezes vi o sol nascer no mar, por elas tive muita vontade de andar na areia e com isso sentir o sol batendo nas minhas costas, quando ia sentido sul. Consequentemente, fazia pegadas na areia, assim poderia voltar para dentro de minha casa quando, também, sentisse desejo dela.
Pelas rachaduras da minha casa, podia espiar e escutar as vozes dos amigos que chegavam, dos tios e tias que apareciam sempre aos domingos para jogar cartas e assim, poderia sair do meu quarto, porque deveria cumprimenta-los, logo, escutar e espiar pelas rachaduras da minha casa, levavam-me para fora do mundo no qual sempre vivi.
Pelas rachaduras da minha casa, num precisava varrer o chão todo, necessitava que fizesse somente até a proxima fresta de onde estava. Assim, pelas rachaduras de minha casa, o meu caminho era sempre curto, não menos arduo, mas curto.
Pelas rachaduras de minha casa, não precisava ir ao encontro dos meus, conseguia ve-los sempre pelos buraquinhos na parede, nos quartos.
Assim... os tinha sempre, dormindo ou acordados.
Das frestas o mundo se fez e pricipícios também.