domingo, 3 de março de 2013

VIDA VÍVIDA


‎...a chuva que não para de chuviscar, os boêmios, velhos, jovens e bêbados se misturando nos botecos onde ainda são vendidas garrafas, os amigos que discutem sobre política, economia e nacionalismo com seus big macs em punho em frente a um Mcdonalds, as pessoas se misturam embaixo das marquises por falta de transporte, pessoas e mais pessoas, finalmente todos na mesma classe de uma nação que pede socorro, deitadas sobre papelão, outrora colchão, um cachorro passa por mim, corre desesperado procurando algo, alguém, ele acha, seu humano de estimação, um mendigo paraplégico que se locomove com o auxílio de um skate, impressionante como corria e procurava debaixo da chuva molhada, nada o importava mais que sua dupla e então eu entendo o amor, não agora, mas eu entendi, quantos passam sem entender nada, vi minha vida privilegiada sem privilégios, numa conexão sincera, tenho orgulho de conseguir enxergar com tantos chuviscos, a chuva aumenta, dois caras me seguem, ou não, na dúvida aperto o passo, passa um garoto e sua mãe o acompanha, ele está de muleta, me faz lembrar aquele cachorro, quanta potência, penso nos guerreiros que lotam seus carrinhos com latas e tão injustiçados por atrapalharem o trânsito ou rasgarem nossos preciosos sacos de lixo, deixando pra trás na nossa frente, toda aquela fortuna dispensada por onde passam, e a chuva não para...

Douglas Campigotto

Nenhum comentário: