sexta-feira, 21 de junho de 2013

O PAÍS PAROU


...andamos em bandos, lado a lado, marchando, éramos tantos, somos enormes, num encontro onde os presentes sabem o porque da presença, com suas diferenças expostas, sem medir danos, procurando respostas, por todos os cantos da cidade, encontrei, senhores, madames, jovens com seus gritos de liberdade, cartazes em punho, confiantes, falavam em 1 milhão, mas éramos mais, muitos mais, antes desorganizados, agora com planos, estratégias e ouvidos atentos nos escutando, olhares fulminantes antes errantes, mirando o mesmo oceano, agora com propósitos comuns, o peso mudou de tamanho, corpos marcados, pela tinta, pelo preço da passagem, pelos tributos, corrupção, saúde, educação, por tudo e mais um pouco, pela violência gratuita, de ambos os lados, dos policiais, dos abutres aproveitadores, dos transeuntes, dos delinquentes, dos repórteres, de todos os lados, dentes cerrados e muitas gratuidades, vi pais carregando seus filhos, manifestantes sendo carregados, policiais assustados, policiais malvados, gente estendendo a mão, pessoas estendidas pelo chão, sentadas, reivindicando, sua passagem, gente chorando, gente munida de raiva, cara a mostra, cara esbofeteada, inchada do gás que pairava no ar, em meio a neblina, caíam como lágrimas do céu as cápsulas das bombas de efeito, moral, quanta moral por trás disso tudo, uma coisa é certa, ninguém ali está brincando, ou quase ninguém, alguns vândalos, saqueadores, engomadinhos, anarquistas, revoltados com o sistema, alguns desses tentaram diminuir o movimento, mas são enfrentados pelos próprios que manifestam sobre o aumento, contra mais esse abuso, mais essa curra governamental, PARABÉNS aos que foram pra rua gritar por seus direitos, pra manifestar sua indignação, não tem certo ou errado, protestar assim ou assado, todo manifesto é válido, sem agressão física, claro, mas cada um sabe porque está gritando, porque está atirando, porque está com tanta raiva, cada um sabe bem, seria tão bom se soubéssemos, juntos, de tudo, do porque, porque tanta coisa errada... 

Douglas Campigotto

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