sexta-feira, 3 de abril de 2009

ARREDUNDANTE


Essa semana foi cheia, Arnaldo Antunes num dia no outro Domingos de Oliveira
Olhando esses talentos de perto, tento ter coragem de dizer que também sou poeta mas me sinto uma topeira, com bagagem mas sem eira...
Olho no olho, esperando meu momento, aguardando a beira
Não é bom nem ruim é o que é, o que há, é o que tem
Será assim a vida inteira?
Rimando com baboseiras, no infinito do infinitivo, divagando sobre asneiras.
De futebol que não será, já nem gosto mais, no Rio é fut"i"bol, no Paraná é futéba e por ae vai, mas não tem problema pois o jogo é o mesmo, e aquele time de verde em qualquer lugar é o Palmeiras. Nada haver com a árvore, caso contrário seria Palmeira.
Hoje decidi entrar na academia, paguei o primeiro mês e posso fazer tudo lá dentro, yoga, alongamento, musculação, boxe, tem uma aula que são 45 minutos de bicicleta e 45 de esteira.
Não quero ficar forte ou bonito até porque eu já sou, ao menos é o que minha mãe até hoje diz
Mas vai que derepente eu fico, não to dizendo que isso é uma coisa que eu queira, mas se continuar puxando peso não enxergo de outra maneira
As vezes da uma saudade de casa, daquele tempo que escovar os dentes e lavar as mãos eram as unicas condições. Ficávamos o dia todo inventando jogos, desciamos com carrinhos de rolimã pela ladeira, futebebol na rua, íamos na cachoeira, pique-esconde, escalávamos a pedreira, que ficava muito próximo da minha casa, isso sim era brincadeira!
Lembro que era na época do Macgyver aquele que inventava qualquer coisa com um clip, um apontador ou uma lapiseira e quando chegávamos em casa afoitos pelo lanche, mamãe gritava lá de longe não molhem o banheiro, cuidado com a torneira e nem pensem em encher a banheira.
Nostalgia pura.
Vontade de voltar a ser criança, do colo, da mamadeira, saudades da infância, de lavar o carro e brincar com água da mangueira, correr, pular extravazar com a turma da vizinhança, vinham crianças da rua inteira.
Tinhamos tantos pés de frutas: pé de limão, de caqui, ameixas, uma figueira e uma macieira
Tinham também alguns animais soltos em um terreno ao lado de casa, um cavalo, um bode, alguns galos ou galinhas nunca saberei ao certo, tinha também uma vaca, era tão magra, acho que não era leiteira.
Mas a vida segue, e os trilhos da vida te levam por caminhos tão distintos, tantos lugares, tantos amigos, tanto trabalho, não foi fácil nem sofrido mas já foi.
Já fui frentista de posto, enchendo o tanque da turma inteira
Trabalhei de ajudante de pedreiro tirando cimento da betoneira, aquela máquina que mistura o cimento
Trabalhei em marcenaria fazíamos qualquer coisa em madeira, eu sempre tive muito jeito com essas coisa manuais, lixadeira, furadeira, parafusadeira, não posso ver um parafuso solto, eu nunca esquecerei do dia que fiz sozinho uma mesa com quatro cadeiras
Em hotel trabalhei na recepção, mas não tirava os olhos da camareira, alguns a chamavam de arrumadeira, pouco importa como a chamavam, ela estava sempre tão faceira, e até hoje penso que fim será que levou a mineira?
Trabalhei em loja de peças para carros, as peças tinham muitos nomes engraçados, virabrequim, repimboca, ponteira, mas o diferencial desse trabalho eram as vizinhas, duas velhinhas alcoviteiras, que moravam no andar de cima, alguns diziam que tinham sido freiras, vai saber, hoje em dia se você pegar uma réplica de qualquer produto na mão, uma bolsa por exemplo, não saberá qual a verdadeira.
Já fui garçom mas não deu certo, dizem que advogado é malandro, você já conheceu algum garçom?? Esse pessoal sim, que gente ligeira. Como não deu certo na bandeja, acabei indo pra trás do balcão, virei barman, trabalhei em diversos bares, aprendi diversos drinks até o dia que comprei uma coqueteleira e o céu foi o limite, quanta festa quanta zueira...
Hoje sou ator e porque não dizer poeta, preciso parar com esssa besteira, não sou Domingos, Chico, nem Buarque nem Anysio, Vinicius, Glauber, Fernando, Arnaldo, Cazuza, Jô Soares, Parreira, mas se esses fossem os escolhidos para seleção adoraria passar nesta peneira, também tenho uma história veradeira, que quando olho pra trás e vejo os caminhos que trilhei, fico de bobeira.
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Douglas Campigotto

2 comentários:

Dea Carvalho disse...

Obrigada por me fazer lembrar!
Teu texto tocou profundamente minhas reminiscências, algo que guardo com carinho na prateleira pra nunca perder de vista. Sou também uma nostálgica... e como não ser? Podemos dizer, eu, você e tantos outros que tiveram esta chance, sim, vivemos, fomos felizes e tínhamos total ignorância disto.
Orgulhe-se! Você, viveu, vive, aprendeu, aprende e continua crescendo. Espero que no mundo sempre exista lugar para as pessoas de cérebro "malhado", que não se anulam jamais. Melhor que qualquer ergométrica, né?
Não, você não é Domingos, Vinícius, Chico ou Jô. Você não é nehum deles. Você é você, você é o Douglas. E apesar de não ser íntima, sinto muito orgulho de hoje te dizer isso.
Orgulhe-se.

Para o alto e avante, menino!
Beijos!

Anônimo disse...

Meu Deus, quanta beleza, quanto sentimento. Cada dia que passa fico mais fã!!! Te amo!!!